terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Deus Assassino

Logo depois que a gente nasce uma série de regras começam a ser repassadas a nós. Essas regras nos ensinam como devemos pensar, guiando o nosso raciocínio. A partir daí, começamos a experimentar essas formas de pensar e aplicamos os conceitos que nossos pais (ou alguém que os valha) nos dão.
Quanta criatividade temos nessa fase de verificação de regras!
Penso que a criatividade da criança muitas vezes é inversamente proporcinal à capacidade do adulto de podá-la, para que um dia a criança cresça e se torne tão chata quanto ele.
Lembro de um desses meus momentos de "aplicação de conceitos".
Eu devia ter uns 5 ou 6 anos, estava na cama e minha mãe estava deitada ao meu lado. Era hora de dormir. Nesses momentos ela contava histórias ou cantava. Mas num dia em especial, começamos a conversar sobre os pais dela. Ela me falava de como eles eram e que eles já estavam mortos. Eu, naquela altura de minha vida, já sabia que a morte era algo que existia (pelo menos pra aquelas pessoas que já tinham morrido), mas eu queria entender o porquê das pessoas morrerem, então eu perguntei para minha mãe sobre o ocorrido com meus avós: "Por que o teu pai e a tua mãe morreram?". Minha mãe respondeu-me: "Porque Deus quis". Logicamente conclui: "Então Deus é assassino?!". Minha mãe com a presteza de quem é vigiada por um ser onipotente, onisciente e onipresente disse rapidamente: "Não minha filha, claro que não. Não diga isso!".
Naquele momento aprendi que a sentença "quem tira a vida de alguém é um assassino", não se aplicava a toda circunstância e que a justiça não é igual para todos.

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