terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Vídeo interessante

Façam suas interpretações:

http://almashortfilm.com/?p=549

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Barbie: mãe solteira e prostituta

Até os meus 10 anos de idade eu acreditava que fazer sexo era o que eu via nas novelas - um homem e uma mulher tiram as suas roupas, se deitam aos beijos numa cama e começam a esfregar suas peles.
Foi numa noite, assistindo ao Criança Esperança de 1994 que meu pai me contou a verdade.
Ao assistir a performance dos bailarinos no palco, Papis disse: "Esse pessoal tá parecendo cachorro quando tá atracado". Sem conseguir visualizar a situação exposta por Papis, perguntei: "Como assim?". Ele disse: "É minha filha, cachorro depois que transa. Tu nunca viu?". Eu disse: "Não. Porque cachorro fica atracado depois que transa?".
Ele, surpreso por eu ainda não ter conhecimento teorico sobre aquilo que anos mais tarde revelou-se para mim como sendo o grande fascínio da humanidade, começou, meio que sem graça, a me explicar os procedimentos técnicos do ato de fazer amor.
A idéia de que um pênis poderia entrar no buraco que existe entre as pernas de uma menina, era algo que já tinha passado antes pela minha cabeça. Mas lembro-me bem que logo descartei essa possibilidade por achá-la nojenta demais. Minha surpresa ao saber que minha idéia estava correta foi grande.
Fiquei muito feliz de saber algo que eu compreendia como sendo um segredo dos adultos.
Fazer sexo e tudo que envolve esta prática não é algo permitido ao mundo das crianças.
E por ser proibido, sempre me despertou profundo interesse.
Apesar de os adultos tentarem preservar uma imagem de inocência nas crianças, nem sempre isso corresponde a realidade.
O que posso falar sobre isso é que eu nunca fui inocente, pura e bondosa.
Minhas brincadeiras solitárias da época da infância eram na verdade grandes momentos de exploração das minhas fantasias eróticas, nas quais eu inventava histórias e personagens com uma criatividade de dar inveja a qualquer roteirista de filme pornô.
Nas tardes vermelhas e quentes que passei em meu quarto, eu frequentemente transformava minha Barbie em uma mulher muito sedutora, que transava em demasia.
Barbie às vezes se descuidava e acabava ficando grávida.
O Ken, seu viril namorado, por mais de uma vez não quis assumir a criança que Barbie carregava, fazendo com que a pobre mulher arcasse com as adversidade pertinentes a vida de uma mãe solteira.
Sem perspectivas de ter como criar seu filho, minha Barbie se prostituiu ainda grávida!

Deus Assassino

Logo depois que a gente nasce uma série de regras começam a ser repassadas a nós. Essas regras nos ensinam como devemos pensar, guiando o nosso raciocínio. A partir daí, começamos a experimentar essas formas de pensar e aplicamos os conceitos que nossos pais (ou alguém que os valha) nos dão.
Quanta criatividade temos nessa fase de verificação de regras!
Penso que a criatividade da criança muitas vezes é inversamente proporcinal à capacidade do adulto de podá-la, para que um dia a criança cresça e se torne tão chata quanto ele.
Lembro de um desses meus momentos de "aplicação de conceitos".
Eu devia ter uns 5 ou 6 anos, estava na cama e minha mãe estava deitada ao meu lado. Era hora de dormir. Nesses momentos ela contava histórias ou cantava. Mas num dia em especial, começamos a conversar sobre os pais dela. Ela me falava de como eles eram e que eles já estavam mortos. Eu, naquela altura de minha vida, já sabia que a morte era algo que existia (pelo menos pra aquelas pessoas que já tinham morrido), mas eu queria entender o porquê das pessoas morrerem, então eu perguntei para minha mãe sobre o ocorrido com meus avós: "Por que o teu pai e a tua mãe morreram?". Minha mãe respondeu-me: "Porque Deus quis". Logicamente conclui: "Então Deus é assassino?!". Minha mãe com a presteza de quem é vigiada por um ser onipotente, onisciente e onipresente disse rapidamente: "Não minha filha, claro que não. Não diga isso!".
Naquele momento aprendi que a sentença "quem tira a vida de alguém é um assassino", não se aplicava a toda circunstância e que a justiça não é igual para todos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cadê?

Cadê, cadê o meu filhote, hem? Cadê o filhote de mamãe? Cresceu... sumiu.
Eu ainda lembro direitinho quando eu podia carregar o meu filho no colo... Ah, eu passava o dia todinho com o meu filhote. Dormia junto, dava banhin, lavava a bundinha, o pintin, o suvaquin...
Agora, pôssa, mamãe. Só quer saber de ficar no computador! Passa o dia fora, e nem liga, me deixa aqui, preocupada! Chega em casa, e passa direto, nem fala direito, vai direto pro computador... Nem beija a mamãe... Agora o meu bebezinho já é um bebezão, nem dá mais pra segurar no meu colo!... Ah, eu sinto tanta falta do meu bebezinho, tanta falta. Olha, meu filho, eu penso, tanto, mas tanto em você! Passo o dia todinho orando pro nosso Deus te guiar, abrir tuas portas. Ô meu filho, não esquece de rezar antes de dormir, tá?
Ô, meu deus, eu te amo tanto! É a maior bênção que Deus já me deu. Meu bebê... meu bebezinho...
Cadê a minha criança, que eu carreguei aqui dentro, dei banho, amamentei? Cadê, cadê o meu filhote, hem? Cadê o filhote de mamãe? Cresceu... sumiu!

Prólogo: Começando com mentiras

(Cena a ser feita por uma atriz caracterizada como mulher grávida)

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

Ah... como é bom lembrar de quando éramos crianças! Essa época mágica, na qual toda a felicidade do mundo pode caber... numa caixinha de bombons!
Quando tudo e nada eram palavras tão usadas, e não imaginávamos seu real significado... Olhamos as fotos, e as lembranças vêm a tona... Ah, as lembranças! Quanta saudade... dessa fase tão doce, tão segura, que todos vivemos. Dessa fase tão ingênua, tão inocente, quando não existe maldade no coração... A fase que é fonte de nossos imaginários, e nossas emoções. Quanta saudade...!
Não é uma pena que a gente só descubra a infância depois que ela passou? Que ela seja como um sonho do qual só tomamos consciência quando acordamos, já adultos? Ah, se pudéssemos retornar o sonho, tão próximo e tão distante, para revive-lo plenamente, com consciência e os sentidos despertos...

Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Conceitos formais e bobos (wikipedia)

Uma criança é um ser humano no início de seu desenvolvimento. São chamadas recém-nascidas do nascimento até um mês de idade; bebê, entre o segundo e o décimo-oitavo mês, e criança quando têm entre dezoito meses até oito anos de idade. O ramo da medicina que cuida do desenvolvimento físico e das doenças e/ou traumas físicos nas crianças é a pediatria. Os aspectos psicológicos do desenvolvimento da personalidade, com presença ou não de transtornos do comportamento, de transtornos emocionais, e/ou presença de neurose infantil - incluídos toda ordem de carências, negligências, violências e abusos, que não os deixa "funcionar" saudavelmente, com a alegria e interesses que lhes são natural - recebem a atenção da Psicologia Clínica Infantil (Psicólogos), através da Psicoterapia Lúdica. Os aspectos cognitivos (intelectual e social) é realizada pela Pedagogia (Professores), nas formalidades da vida escolar, desde a pré-escola, aos cinco anos de idade, ou até antes, aos 3 anos de idade.

Pra ver toda a baboseira (que pode vir a ser útil dramaturgicamente), clique AQUI.

Pisca-Pisca

A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais.
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia.
pisca e mama;
pisca e anda;
pisca e brinca;
pisca e estuda;
pisca e ama;
pisca e cria filhos;
pisca e geme os reumatismos;
por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?

Memórias de Emília, Monteiro Lobato

Manoel Barros e a infância

Acho que encontrei um belo trunfo dramatúrgico. Esse cara trata a criança como um ator social pleno, que tem o incrível dom de desconstruir as coisas cristalizadas pelo capitalismo. Vejam:

--
A identificação do poeta com a criança, para Manoel de Barros, se sustenta no fato de que
ambos fazem uso da linguagem como ampliação do mundo não só vivido, mas também
imaginado. Se a palavra é a matéria-prima de que dispõe o poeta para sua criação,
considera que também a criança se utiliza da linguagem para recriar e transfigurar a
realidade:

Com certeza, a liberdade e a poesia a gente
aprende com as crianças.
(Barros, 1999, s/p.)

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos –
O verbo tem que pegar delírio.
(Barros, 2001b, p. 15)
(...)

A criança, então, para Manoel, não é um ser ingênuo, incompetente, mas sim
inquieto, inventivo e transgressor, capaz de criar um mundo inserido no mundo maior, tal
como o pensamento de Benjamin (1984) sobre a infância. O poeta mostra a incompreensão
do adulto que não ouve a criança, considerando-a como ser incompetente e incompleto, que
ainda não é e que precisa vir a ser, e ignorando a capacidade da criança de estabelecer
semelhanças:

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que
fazia uma volta atrás de casa./ Passou um homem depois e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada./ Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás da casa. / Era uma enseada./ Acho que o
nome empobreceu a imagem.
(Barros, 2001b, p.25)
Pra ver o artigo inteiro, cliquem AQUI. É muito bom. Leiam principalmente as passagens de poemas dele, acho que é tão forte como o Snoopy, enquanto referência pra dramaturgia.

domingo, 6 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Boas notas!

ATOR 1: Ontem, fizemos um teste de verdadeiro ou falso, e depois uma prova escrita. Ai, como eu odeio semana de provas! Depois vem as férias, mas depois das férias, vamos ter mais dever de casa, mais provas, mais trabalhos... Ai, meu deus, amanhã tem prova de matemática!

ATOR 2: Eu tenho que tirar 9 nessa prova! Ou vou acabar repetindo de ano... Por que a gente tem que se preocupar tanto com as notas, hem?

ATOR 3: Bom, acho que o propósito de ir à escola é tirar boas notas. Então, quando a gente entrar no convênio, onde o propósito é estudar bastante, a gente tira boas notas e passa no vestibular. E o propósito de passar no vestibular é tirar boas notas na faculdade, pra se formar e poder fazer a pós-graduação. E o propósito disso é se dedicar muito para tirar boas notas! Assim, você pode conseguir um emprego e ter sucesso, e daí você pode se casar. E ter filhos para mandá-los à escola pra tirar boas notas. E assim, eles vão pro convênio pra tirar boas notas pra irem pra faculdade e estudarem muito...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cena: Medos

Ator canta, melancólico:

Tinky Winky
Dipsy
Lala
Po
Teletubbies...
Teletubbies...

Atriz - Eu tenho medo.

Ator - Eu tenho medo da infância.

Atriz - Eu tinha medo do escuro.

Ator - Bicho papão, alienígenas, demônios?

Atriz - Eu tinha medo de um anjo...

Ator - Eu tinha medo da musiquinha dos teletubbies.

Atriz canta:

Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar...

Ator- Eu fui uma criança bem gorda. Sempre tive os quadris muito largos, e isso conferia a mim uma forma diferente de andar. Uma forma que os outros começaram a achar engraçada. Logo criaram um link: Tinky Winky.

Atriz canta:
Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhantes...

Ator - Eu tinha medo.

Atriz canta:
Para o meu
Para o meu amor passar

Ator - Eu tinha muito medo. Muito medo do inevitável momento em que iria chegar, de manhã cedo, no colégio. Sabia que, aos poucos, as pessoas sorririam, cochichariam umas com as outras, e começariam a cantar a musiquinha, enquanto eu atravessava a rua. Se corresse, seria pior, e muito mais divertido pra eles. Então continuava andando lentamente, do meu jeito.

Atriz canta:
Nessa rua
Nessa rua tem um poste...

Ator - Poste?

Atriz canta:
Que se chama
Que se chama solidão
Dentro dele
Dentro dele mora um anjo
Que roubou
Que roubou meu coração

Atriz e Ator - Esse era um dos meus maiores medos da infância.

Ator - Quando criança, duas vezes por semana havia uma ameaça que me assombrava: a aula de educação física. Haviam os anos em que, logo em janeiro, eu ia ao médico e conseguia um atestado, alegando um problema besta de coluna, que me salvaria, por 365 dias, de viver aqueles momentos. Mas haviam as ocasiões que eu não conseguia.

(Atriz toca tema dos teletubbies com a gaita)

Ator - Certa vez, o professor ordenou que fossem formados dois times, para uma partida de futebol. Dois líderes foram tirados para escolherem, um a um, quem iria jogar em cada lado. Foram escolhendo, um por um, até que sobramos apenas eu, e mais um garoto. Então, um dos líderes chamou o outro garoto. Em seguida o outro virou pra ele, indignado, e brincou:

Atriz 2- PORRA, TU DEIXOU O DEFEITUOSO PRA MIM!

Ator e atriz cantam, ao mesmo tempo:
(Tinky Winky...) Nessa rua, nessa rua tem um poste
(Dipsy...) Que se chama, que se chama solidão
(Lala...) Dentro dele, dentro dele mora um anjo
(Po...) Que roubou, que roubou meu coração

(Ator continua a canção dos teletubbies em vocalize. Aos poucos, Os três atores vão formando a imagem de uma foto de família, na qual Ator é o irmão, Atriz 2 é a mãe, e Atriz é a filha)

Atriz - Esse era um dos meus maiores medos da infância. Durante muito tempo, quando criança, eu achava que tinha um anjo que morava dentro de um poste. Imaginava, numa rua escura, um poste com um buraco e que lá dentro tinha um rosto que me olhava. Às vezes o rosto era do Gonzo, dos Muppets. Era uma das coisas mais assustadoras da minha infância.

(Ator e Atriz 2 fazem vocalize do "Se essa rua")

Atriz - Essa imagem se repetia em um sonho recorrente: Eu, minha mãe e meu irmão no zoológico, um lugar escuro e úmido como aquela rua da música. Em algum momento eu via um muro que era a cela de algum animal, e nela tinha um buraco aonde eu enfiava a mão, eu nunca via o que tinha lá, mas eu sabia que era aquele rosto do poste, talvez o Gonzo.

(Alguém apaga o interruptor de luz, fica escuro, e a música pára)

Atriz - Eu acordava chorando, não lembro porque.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Metas!

Temos data marcada para nossa primeira prévia: 31 de dezembro.

Até o próximo encontro, do dia 10, devemos deixar pronta a dramaturgia. Teremos os seguintes dias de ensaios: 10, 15, 18, 22, 24 e 29.

Vamos trabalhar com colagem. Até agora nosso esboço é:

-Campainhas do teatro como buzina de vendedor de pamonha, significando a voz da mãe;
-Monólogo mãe (Aninha)
-Espadas (Giovana e Haroldo)
-Velha que guarda o filho na caixa, e morre (Haroldo)
"É tu a mãe!" - Passa a bola pra aninha fazer a mãe de costas
-Questionamentos sobre a morte (Giovana)
-Texto do pisca-pisca (dado pelos três), com transparências e retro-projetor
-Cena dos helicópteros, com animação de sombras no projetor
-Música
-Entrada de Corisco, Theflash e Relâmpago
-Cenas cruzadas: de um lado, a cabeça da tartaruga sendo cortada (Haroldo); de outro, o dedo da bailarina (Aninha). No meio, criança brincando com hélice de ventilador mortal (Giovana)
-Encaixar: barbie, educação física, poste.
-Fim: brincando de quem vai ser a mãe, são surpreendidos pela voz da buzina (mãe), mandando voltarem pra casa.

Mote para transição: "Tu é a mãe!", quando houver uma mãe na cena. A pessoa se torna a mãe quando começa a ver as coisas de maneira adulta.

Viabilizar: Ventilador, extensão, retro-projetor, caixa com furos para as espadas, e as "espadas".