(Giovana, numa conversa de MSN)


Quando o ser humano está no início do seu (nunca acabado) processo de formação - ou seja, a infância - qual a sua relação com o medo? Como esse sentimento se constitui, se constrói e desconstrói? Entre as muitas coisas que a vida monta e desmonta em nós durante o tempo, estão os medos. Vamos crescendo e sendo educados a ter ou não ter medo de certas coisas, por meio de padrões pré-estabelecidos. Por exemplo: medo de cobra, medo do demônio, medo de insetos.
Uma das coisas que as crianças têm de fantástico é que, até certo momento, essas convenções não estão definidas. Na infância, a gente não sente medo de coisas que os adultos sentem; e construímos medos nossos, só nossos, pessoais e significativos.
Assim, vemos muitas crianças que se divertem brincando com insetos ( e, algumas vezes, assustando os adultos com isso!), sendo que a mesma criança, durante a vida, vai aprender que insetos são nojentos, e que se deve manter distância deles, ou matá-los. Da mesma forma, antes de ceder a essas convenções, a criança pode desenvolver um medo terrível por uma coisa trivial e comum, como um quadro na parede.
Crescemos, e esquecemos o porquê de alguns medos, deixando-os de lado. Em compensação, desenvolvemos outros. Aí, quando se vê uma criança com medo de algo besta, como uma máscara de palhaço, não se compreende a profundidade de significado que isso pode ter. Crianças são constantemente subestimadas. Pode-se pensar: "Ô, tadinho! Ainda não descobriu o que a vida realmente tem de perigoso". Será que sabemos, de fato, o que é perigoso?
Quando criança, eu dormia de frente para a janela, e podia ver a silhueta de roupas penduradas do lado de fora. Aquilo me deixava num estado de angústia, porque muitas vezes, eu enxergava alienígenas nas roupas. Morria de medo que um alienígena aparecesse na minha janela. Não tinha tanto medo em outros momentos do dia, e em outros lugares... mas tinha muito medo, especialmente, vendo aquela janela, sob aquele ângulo, antes de dormir.
O porquê disso não sei. Mas sinto que o medo, assim como outros sentimentos, na infância, me fazia ser muito mais eu mesmo. Não havia cascas desenvolvidas pra me proteger: o miolo do ser estava praticamente exposto. Os alienígenas me faziam ser eu. Hoje, eu sou só uma construção.

Crescer é perder.
Uma das coisas que as crianças têm de fantástico é que, até certo momento, essas convenções não estão definidas. Na infância, a gente não sente medo de coisas que os adultos sentem; e construímos medos nossos, só nossos, pessoais e significativos.
Assim, vemos muitas crianças que se divertem brincando com insetos ( e, algumas vezes, assustando os adultos com isso!), sendo que a mesma criança, durante a vida, vai aprender que insetos são nojentos, e que se deve manter distância deles, ou matá-los. Da mesma forma, antes de ceder a essas convenções, a criança pode desenvolver um medo terrível por uma coisa trivial e comum, como um quadro na parede.
Crescemos, e esquecemos o porquê de alguns medos, deixando-os de lado. Em compensação, desenvolvemos outros. Aí, quando se vê uma criança com medo de algo besta, como uma máscara de palhaço, não se compreende a profundidade de significado que isso pode ter. Crianças são constantemente subestimadas. Pode-se pensar: "Ô, tadinho! Ainda não descobriu o que a vida realmente tem de perigoso". Será que sabemos, de fato, o que é perigoso?
Quando criança, eu dormia de frente para a janela, e podia ver a silhueta de roupas penduradas do lado de fora. Aquilo me deixava num estado de angústia, porque muitas vezes, eu enxergava alienígenas nas roupas. Morria de medo que um alienígena aparecesse na minha janela. Não tinha tanto medo em outros momentos do dia, e em outros lugares... mas tinha muito medo, especialmente, vendo aquela janela, sob aquele ângulo, antes de dormir.
O porquê disso não sei. Mas sinto que o medo, assim como outros sentimentos, na infância, me fazia ser muito mais eu mesmo. Não havia cascas desenvolvidas pra me proteger: o miolo do ser estava praticamente exposto. Os alienígenas me faziam ser eu. Hoje, eu sou só uma construção.

Crescer é perder.
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