quarta-feira, 4 de novembro de 2009

No fundo, bem lá no fundo, a gente não muda nada!

A vida toda a gente costuma escutar que a experiência adquirida ao longo dos anos faz a gente amadurecer, que com o tempo a gente vai aprendendo a olhar menos pro nosso umbigo e mais para os outros, que a gente aprende a esperar o tempo certo das coisas acontecerem, que a gente aprende a aceitar aquilo que a gente não pode moldar de acordo com o nosso ideal. Eu, sinceramente, tenho cá minha dúvidas.
Cada vez mais eu acredito que a única mudança que ocorre é apenas na forma como buscamos realizar nossos desejos primordiais e que eles permanecem inalterados por toda a nossa vida.
Amadurecimento na verdade é fazer coisas diferentes das que faziamos quando éramos crianças pra atingir os objetivos que carregamos desde lá.
O que acontece é que quando a gente cresce os caminhos que somos obrigados a percorrer para atingir os nossos imutáveis objetivos se tornam mais longos, sendo frequentemente necessário manter velados tais caminhos e principalmente o seu fim - o desejo alcaçado -, negando uma postura infantil e fingindo ser um adulto que no fundo nunca seremos. A vida adulta é portanto uma utopia e nossas longas pernas de adulto foram feitas única e exclusivamente para podermos percorrer esse caminho que se alongou desde a infância.
Se aos 5 anos eu apenas entortava angelicalmente minha cabeça para o lado e conseguia a atenção e amor de todos, aos 25 anos eu vou fingir que não ligo para a opinião dos outros, pra quem sabe assim eles me admirarem por julgarem que não preciso deles.
Se antes eu dizia na cara da minha amiguinha de maternal que ela era chata por não me emprestar seus brinquedos, hoje quando uma amiga me nega um favor eu digo a ela que compreendo a sua postura e cinco minutos depois começo a falar mal dela para qualquer amigo em comum.
Se antes eu disputava aos tapas os lugares próximos a professora na sala de aula, hoje eu boicoto de variadas formas meu colega de empresa até que eu atinja um cargo melhor do que o dele.
Todo adulto é um mentiroso.
A verdade é que ninguém amadurece!
Então, vamos todos assumir a nossa condição de crianças birrentas e vamos sair para as ruas trajando o uniforme que nós convém: a fralda.
Vamos todos urinar e defecar em paninhos felpudos e esperar que nossas mães venham nos trocar!
Vamos implorar, com choros e beicinhos, que nos amem e nos alimentem!
Vamos ser mais sinceros com a vida!

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