sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dramaturgia das Pulsões?

Andei lendo um pouco à respeito e me pergunto se o que estamos fazendo não tem algumas semelhanças com dramaturgia das pulsões.

Dramaturgia das Pulsões


Autor: Felipe Chusyd[i] - firosyd@uol.com.br
Resumo

A atenção do dramaturgo ou do roteirista de ficção tem atração pelo acontecimento pontual, pelo factual que emerge da condição humana e de suas relações. Os personagens são apreendidos pelo seu olhar, cuja característica principal é o poder de profundidade ou corte. Uma espécie de retalho na performance do personagem em dada situação, o que irá proporcionar ao autor vê-lo em sua própria mente dançando e costurando uma trama que, no mais das vezes, ele sequer imagina. Disso nasce a simbiose entre um e outro. Uma aventura ao inconsciente humano, quase que de forma intercambiante.
Palavras-chave: Dramaturgia, Psicanálise, Inconsciente, Personagem, Diálogos.

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Agora, no entanto, vamos nos ater ao processo microcósmico de desdobramento desses fatos ficcionais. Aliás, convém lembrar que, ficção, é uma realidade inventada. Mesmo fabulada, copiamos o modelo real conhecido pelos sentidos como forma ideal de se partir para o mundo da imaginação e criar, à feição de um demiurgo, situações e fatos dramáticos (aqui incluindo a comédia) que revelarão incidentes a personagens vinculados a uma ação interior em busca de alguma meta pessoal e intransferível.


Assim, dos fatos psicológicos, morais e sociais que geram o conteúdo de uma história, precisamos evoluir para outro estágio da fabulação, que podemos batizar de dramaturgia das pulsões. Mas, cabe salientar, que não objetivamos inventar apenas mais um nome a troco de nada, senão realçar a veia instintual por onde irão trafegar elementos essenciais da construção dramática de uma história dentro da qual ganharão amplo destaque as descrições de imagens, as ações, os comportamentos, as emoções e as falas de personagens na forma de anotações objetivas e claras que, ao final do processo, formará uma composição dramático-literário de nome Roteiro, cujo objetivo principal, se se tomar a sua razão de ser, será servir a uma produção audiovisual contando com outros artistas e técnicos que irão dar vida ao espetáculo, e estes são conhecidos como atores, produtores, diretores, figurinistas, cenógrafos, etc.

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Na dramaturgia, o autor está sempre buscando uma relação sentimento-ação. Quer dizer, o personagem é o sujeito da ação em razão de algo subjetivo. Mesmo que advenha de um conflito explícito com algum outro personagem, o sujeito da ação interioriza o elemento causador da emoção e reproduz sua característica instintual, seu caráter menos ou mais impetuoso, de modo a revelar seu tipo de personalidade[v]. É um exercício afetivo-intelectivo em que o autor canaliza sua veia emocional ao conjunto intelectivo operante para, numa transferência adequada e ajustada, sentir seu personagem em ação, dentro dele, como se ele autor fosse um corpo sempre disponível para ser ocupado por uma entidade sensível e atuante, motivada e desejosa de conseguir que sua razão de ser ou existir prevaleça.
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O trabalho de desenvolvimento de um tecido que forma um argumento dramático propicia ao autor tomar pé das situações e fatos que vão tecendo a teia dramática de sua história, mas, com uma dramaturgia instintual, o que prevalece é tomar consciência do que ocorre com o íntimo dos personagens em ação, investigando suas pulsões para que seus contrastes simbólicos transpareçam de modo inequívoco, o que vai dar margem a interpretações diferenciadas a partir das cenas representadas pelos sujeitos da ação dentro de um hipotético roteiro.


Convém dizer que a dramaturgia das pulsões pode se valer de representações qualitativas no desenrolar da ação dramática. Em outros termos, quando desdobramos os fatos a partir de enfoques microcósmicos como a cena propriamente dita, estamos andando em um terreno conhecido, ou seja, no terreno humano, das emoções, do intelecto e dos instintos. Pode ser difícil separar essas áreas quando enfocamos os personagens em ação, mas é possível perceber os graus variáveis pelos quais esses elementos se ajustam quando pensamos no processo dinâmico que é a própria vida da personalidade frente às situações com se depara.

Poderíamos dizer, neste caso, que a situação dramática é como uma cadeia de eventos da qual se sobressaem aspectos da humanidade em seu vigor instintual, emocional e intelectual.

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Interessante notar que a dramaturgia das pulsões, quando analisadas a posteriori, ganham um valor especial, muitas vezes revelando o absurdo da condição humana em suas contradições e limitações, como acontece de fato para a grande maioria da raça humana, refém de suas paixões, comodidades, idiossincrasias, hábitos e instintos.
Mas para quem quer tomar esses processos criativos de desdobramento de fatos ou situações dramáticas, deve perceber que a própria natureza do conhecimento humano e psicológico prevalece na reprodução dos acontecimentos dramáticos. Eles pontuam desejos e necessidades prioritárias no momento da iluminação dos personagens atuantes. Naquela fração de tempo em que eles vivem há desejos ou pulsões atuantes e determinantes de novas situações e conseqüências. Como o é a própria tessitura de uma telenovela, por exemplo, pela qual os acontecimentos já trazem consigo as conseqüências de sua incidência. São pulsões da vida, naturais e desencadeadoras de novos fatos pontuais que vertem os sentimentos, pensamentos e desejos de seus personagens.

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